Quando entramos em contato com situações que eliciam (dão o start, o gatilho) pensamentos negativos a nosso próprio respeito, certezas, verdades absolutas, profundas que nem ousamos questionar em nosso cotidiano (CRENÇAS CENTRAIS), apenas as seguimos automaticamente de forma disfuncional / distorcidas. Passamos a nos comportar de forma distorcida também, a fim de não confirmarmos aquilo que é tão difícil para nós aceitarmos de nós mesmos. Fazendo um esforço comportamental absurdo para fugir de tais pensamentos, acabamos nos colando numa posição de reféns das crenças distorcidas que temos de nós mesmos, reforçando assim a necessidade de se pôr nessa posição para evitar entrar em contato com tais crenças que determinam emoções negativas, gerando com isso um padrão (Crença Regra).
Por exemplo:
Joana cresceu ouvindo que era responsável pela separação dos pais, quando começou a namorar, foi também responsabilizada pelo término das relações, Joana começou a acreditar que de fato era uma pessoa ruim, má ( CRENÇA CENTRAL de DESVALOR) , porém ela não pensava isso de forma racional, era algo que surgia quando ela se deparava com determinadas situações em que eliciavam essa crença, seja em sua vida amorosa, pessoal ou profissional. Sempre que encontrava uma situação assim, Joana fazia esforços comportamentais absurdos, chegando a parecer estranha em alguns momentos, no afã de não entrar em contato com a crença de que é má.
No trabalho, sempre que tinha que chamar atenção de algum funcionário, acabava logo depois de chamar atenção do funcionário, a dar algum benefício ao mesmo, para evitar que o mesmo pensasse que ela era má. Na vida amorosa, sempre após determinada discussão com o namorado, Joana passava a fazer todas as vontades do mesmo, por mais que isso fosse contra seus princípios éticos e morais e assim também era com as amizades.
Joana passa então a ter um padrão de sempre querer provar aos outros que não é uma pessoa ruim, má, pois dói muito a ela quando, erroneamente, ela pensa que os outros vão pensar isso dela. Na verdade Joana têm passado a vida toda tentando provar para ela mesma que ela não é uma pessoa ruim, má, porém não percebe todos os comportamentos desesperados que emite para provar isso a si mesma.
Todos nós temos crenças e padrões (regras) distorcidos que surgem para que nos adaptemos a conviver com essas certezas tão doloridas. É fundamental no processo terapêutico que se atinjam as crenças centrais para que elas possam ser avaliadas, questionadas e reestruturadas, e assim consigamos ter uma vida mais estável, com maior qualidade e mais próxima da realidade.
Pietro Minotto
Terapeuta Cognitivo-Comportamental
- O exemplo supra citado é totalmente fictício.